Revolta e Melancolia – Michael Lowy & Robert Sayre

“Recusando, por um lado, a redução do Romantismo a uma simples escola literária e, por outro, uma sua abordagem empírica, a análise que aqui se faz tem por finalidade última desenhar os contornos de uma visão do mundo que, por essência, constitui uma forma de resistir ao modo de vida característico das sociedades capitalistas modernas.
Sob o duplo ponto de vista da revolta e da melancolia, o Romantismo assume-se como uma oposição polimorfa à civilização moderna criada pela Revolução Industrial e pela generalização da economia de mercado. Dois valores sustentam essa oposição: o individualismo qualitativo e a procura de um novo modelo de comunidade humana.
Em confronto com o “desencanto do mundo”, a quantificação, a mecanização, a abstracção racionalista e a dissolução dos laços sociais, o movimento romântico, nostalgia -, afirma-se como uma autorreflexão crítica da modernidade.
Longe, enfim, de ser um fenómeno exclusivamente próprio do século XIX, a visão romântica do mundo persiste no século XX, quer através do movimento do Maio de 1968, quer através dos pensadores dissidentes da modernidade (Péguy, Bloch).