A obra de Macedonio Fernández encarna a autonomia da ficção plena. A sua influência sobre o Jorge Luis Borges foi definitiva, materializada na obsessão pela obra dentro da própria obra e na concepção onírica da realidade. E assim começou a lenda de Macedonio Fernández, cuja genealogia ainda não decifrámos em Borges. Em Museu do Romance da Eterna o autor encerra a teia labiríntica da sua formulação estética mais enfática. Romance alheio ao conceito de realidade canonizado pela tradição literária, centra-se na questão da verosimilhança das experiências mentais confundidas no texto como um itinerário de digressões em torno de uma única personagem: o leitor.
«Macedonio reescreve e renova a tradição de como os romancistas abordam o género: ninguém como ele definiu entre nós (com tanta clareza e sob a forma de uma intriga) uma nova poética do romance».
Ricardo Piglia