«Um mês depois cruzei contigo na rua, olhei-te, fascinado pelo teu andar de dançarina. E uma noite, por mero acaso, avistei-te ao longe quando deixavas o trabalho e descias a rua. Corri para te alcançar. Caminhavas apressada. Tinha estado a nevar. A chuva ligeira encrespava-te os cabelos. Sem grande esperança, propus-te que fôssemos dançar. Disseste que sim, why not, simplesmente. Era o dia 23 de Outubro de 1947.»
«Vais fazer oitenta e dois anos. Perdeste seis centímetros de altura, só pesas quarenta e cinco quilos e continuas bela, graciosa e apetecível. Vivemos juntos há cinquenta e oito anos e amo-te mais do que nunca. Sinto outra vez no fundo do meu peito um vazio devorador que só o calor do teu corpo contra o meu pode encher.»