Numa indagação sobre a origem da linguagem não deveremos socorrer-nos de hipóteses, da suposição arbitrária de circunstâncias particulares sob as quais porventura pudesse ter surgido uma língua; pois que, sendo os casos que poderiam ter conduzido os homens na invenção e no desenvolvimento da língua tão vários que nenhuma investigação os poderia esgotar, obteríamos por essa via tantas explicações semiverdadeiras quantas as indagações que sobre o assunto se encetassem. Daí que não nos devamos satisfazer em mostrar que e como uma língua porventura possa ter sido inventada: teremos sim de deduzir da natureza da razão humana a necessidade dessa invenção; teremos de expor que e como a linguagem teve de ser inventada.
J. G. Fichte