MOLEIRO
Nada espero,
menos proclamo.
Guardo
uma fiel certeza
nos meus enganos.
Preso a esta roda,
vejo o trigo correr, amasso
os dias: irremediáveis. Servo
do vento, dos esteios
liberto
e das cidades,
sou quase pedra,
duro pedaço
de pão
encarquilhado.
Que não me aceitem,
não me esperem
à mesa
dos contemporâneos,
prefiro morrer medieval.