Neste volume de entrevistas, George Steiner, bem mais do que se explicar, co(implica) a vida dos seus interlocutores-leitores, segundo a melhor tradição socrática. Quer dizer, indisciplina a filosofia, devolvendo-a e revivendo-a em estado nascente, nessa praça da palavra onde a última palavra não pertence a ninguém, e reabre quotidianamente o silêncio sem fundo de onde as primeiras palavras, mas, sem dúvida, também todas as palavras primeiras, vêm. E ― fundindo até ao âmago, por exemplo, a reflexão acerca da poesia e da música e da interrogação do extermínio nazi, ou a sua polémica com as gramáticas generativas e com as paradas políticas fundamentais do nosso tempo ― fá-lo sempre em situação, sempre agora, na singularidade que a encruzilhada toma a cada instante, aberta pelo passo de quem caminha e refaz o caminho que nos ensinou a andar.
As consequências políticas de um pensamento assim partilhado, e assim singular, cabe-nos a nós ― e Steiner diz sempre, em tudo mais que nos diz, que é a cada um de nós que cabe ― imaginar.