O Absoluto Que Pertence à Terra – Maria Filomena Molder

14.00

Excerto do Livro:

«Estará a arte à altura desta desfiguração? Poderá a arte trazer à expressão o tempo de todos os horrores, num tempo em que não há uma imagem do mundo que não se dissipe e não seja desmembrada?
Estas perguntas depõem-nos de imediato no coração do litígio entre a arte e a vida. A dificuldade em distinguir a arte da vida é apresentada como uma objecção contra a arte ou um lamento sobre a decadência da arte ou mesmo um ataque contra a arte. Mas a dificuldade simétrica também é pesada de consequências, a dificuldade de fazer a passagem em relação à vida a partir da arte. Podemos enunciá-las a ambas sob forma interrogativa: o que é que isto tem a ver com a vida ou com a arte, e o que é que a arte faz à vida? O que está aqui à vista é o paradoxo próprio daquela actividade, daquele sistema de valores, que procura por si própria figurar o drama humano, purificando-o, profetizando acerca dele, aprofundando as suas tensões próprias, golpeando o seu próprio vulto com elas, por isso a arte fixa ela própria as suas leis e não pode deixar de, simultaneamente, se opor a elas.»

 

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Descrição

O Absoluto Que Pertence à Terra
Maria Filomena Molder

Fotografia na capa de Jorge Molder da série Zerlina, uma narrativa, 1989.
Revisão de Mariana Pinto dos Santos
Design e paginação de Rui Miguel Ribeiro
2a edição
[Originalmente publicado no ano de 2005 pelas Edições Vendaval].
Edição revista e melhorada.
Setembro de 2020
Tiragem: 1000 exemplares
Edições do Saguão
128 páginas