Perseverança – Serge Daney

15.00

“Quanto à situação actual no país do Cinema, este não é suficientemente vital para produzir algo comparável com o passado. Havia um império, é certo, mas isso permitia ao embaixador Eisenstein jogar ténis com Chaplin. Houve uma guerra mundial, mas isso permitiu que Buñuel e Ivens, sentados em Hollywood, escrevessem um guião para Garbo. Mais perto de nós, quando Fassbinder retomou Sirk, quando Godard falou com Lang, ou Glauber Rocha passou um raspanete post mortem a Pasolini, havia um país, porque havia verdadeiros habitantes que falavam a mesma língua. Essa era a beleza dos “novos cinemas” dos anos sessenta e também ela se evaporou. Os melhores cineastas actuais não são verdadeiramente “irmãos”, estão antes confrontados com o definhamento das suas margens de manobra que faz com que se pareçam uns com os outros, mas não como irmãos, nem sequer como rivais. Isto só existe durante festivais, e Cannes, por exemplo, dá-se ao trabalho de tentar inventar – à força de palmadas de ouro – um cinema independente americano apresentável. Isso cria talvez um estilo, o estilo global dos “filmes de qualidade”, o estilo “cinéfilo” que explicaria bem a unanimidade da crítica actual.”

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Descrição

Perseverança
Serge Daney
entrevista com Serge Toubiana
Tradução de Luís Lima
Grafismo de Rui Rasquinho
Posfácio de Paulo Branco
The Stone and the Plot, 2022