JARDINS PERFUMADOS PARA OS CEGOS (1963) abre-nos as portas da família Glace – Edward, um pai ausente obcecado por genealogia, e Vera, angustiada com a voluntária mudez da filha Erlene –, revelando-nos a solidão e a incomunicabilidade que a atingem. Fechados em mundos interiores, os três habitam páginas de uma beleza perturbadora sobre a vida fértil da imaginação e a insuficiência de «palavras descartadas, abandonadas como destroços nas ilhas desertas da mente, de onde brotam ervas daninhas e venenosas, fruto do tempo e do uso». Um romance hipnótico e sublinhável ad aeternum, com um final desconcertante, que atesta o esplendor da escrita indomável de Janet Frame.
