«Volta ao mundo em seiscentos relatos», segundo o autor, Espelhos é uma história universal da aventura humana, uma geografia negra das suas vilezas e um luminoso compêndio da nossa dignidade e coragem ao longo dos séculos. É também um volumoso álbum de família em que espreitam os que não ficaram no retrato oficial — os invisíveis e os sem-voz — e outros que, bem emoldurados, são agora vistos a uma nova luz, sem o photoshop dos vencedores.
Neste livro, desfilam eras — da Antiguidade Clássica à Guerra Fria —, acontecimentos — da Suméria a Chernobyl — e, sobretudo, as epopeias de «homenzinhos presos nas engrenagens da era industrial», de povos indígenas espoliados e de vencidos condenados a erguer monumentos aos seus verdugos, bem como a eterna odisseia da escravatura, da opressão das mulheres e da destruição do planeta. Nesta história de que não reza a História, Eduardo Galeano revela-nos, sobretudo, retratos corajosos de desobediência, as insurreições e a grandeza dos mais fracos.