É nosso argumento que as ficções de tradutores e da tradução podem ajudar a formar tradutores e a construir pensamento
crítico sobre a tradução, em particular: a compreender o processo tradutivo como evento histórica e culturalmente situado; a distinguir a natureza porosa da actividade tradutória, que dialoga e convoca uma multiplicidade de saberes; a reflectir sobre o lugar do tradutor-intérprete na sociedade e no mundo; a desenvolver, maturar ou ampliar uma (auto)percepção sobre o próprio ofício e sobre expectativas sociais e éticas a respeito do desempenho dos tradutores-intérpretes enquanto mediadores interculturais. Enfim, acreditamos que a literatura, a par de outros discursos de representação ficcional (como o cinema, o teatro, a pintura, a fotografia, entre outros), pode educar, sensibilizar e preparar o futuro profissional da tradução para os desafios de um mundo globalizado e cada vez mais diversificado, multilingue e, claro, digital. Tomando, portanto, como pano de fundo as aventuras e desventuras de tradutores, propõe-se uma variedade de textos que possam ser trabalhados em comparação entre si e em diálogo com outros tipos de discurso sobre a tradução.
[Marisa Mourinha e Marta Pacheco Pinto]