John Berger e Jean Mohr
Tradução e Posfácio de Jorge Leandro Rosa
Antígona
2019
«Pode acontecer que um livro, em contraste com os seus autores, rejuvenesça à medida que os anos passam.» Disse-o John Berger sobre Um Sétimo Homem (1975), ensaio poético em imagens e palavras, estarrecedor retrato da experiência de trabalhadores migrantes na Europa dos anos 70 – e financiado com parte do que lhe rendeu o Prémio Booker (terá dado o restante ao ramo britânico dos Panteras Negras).
Feito em colaboração com o fotógrafo Jean Mohr, este verdadeiro álbum de família (em que fotografias de casamentos, primogénitos e velas de aniversário são substituídas pela coragem da partida, o choque da chegada e a nostalgia do regresso) capta as mutações no corpo e no espírito de personagens sem rosto nem nome, portugueses, sicilianos, gregos e turcos, mercadoria viva em terras alienígenas.
Com um equilíbrio notável entre teoria e experiência, entre política e poesia, John Berger narra os instantes desta diáspora como metáfora perfeita das dinâmicas do «desenvolvimento» e contradições do neoliberalismo – no que é hoje uma desarmante resposta à retórica anti-imigração.
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Jean Mohr (1925-2018) foi um apaixonado fotógrafo suíço que dedicou grande parte da sua vida a documentar o tormento de migrantes e refugiados para organizações como a Cruz Vermelha ou o Comissariado da ONU para os Refugiados. Amigo e colaborador de John Berger (A Fortunate Man, 1967; Another Way of Telling, 1982; At the Edge of the World, 1999), resumia o seu trabalho como uma missão empática de «construir pontes entre comunidades».