Rafael Ballesteros
“Entender a poesia como uma fidelidade atemporal sustentada no ritmo e na comunicação, talvez seja a primeira e mais evidente característica da obra de Rafael Ballesteros (Málaga, 1938). Outro dos seus rasgos mais marcantes é, certamente, um apaixonado domínio da linguagem, ciente dos mecanismos de transgressão, tal como havia sido compreendido por Oscar Wilde: “Existem duas etimologias em cada palavra, uma para o poeta, outra para o cientista”. Testamenta nada mais é que a parte de um discurso aberto, cumulativo, dinâmico; concebido como um impossível infinito, como um cosmos dentro de um cosmos (Jacinto). Neste teatro, ou retábulo, ou sermão, ou auto da memória colectiva, estão também presentes os mitos e sonhos de Ballesteros, a sua intimidade (velada como uma litania que se sente), a História, a Cultura, e os acidentes da Cultura; e mais que nada, e isto é muito importante, um juízo universal ético. E tudo num marco muito subtil. Nele, a emoção associa-se facilmente ao sentido oceânico do poema”.
Rafael Pérez Estrada