“Tarde De Mais Mariana é uma contrapartida do romance (sobretudo da parte inicial, e no fundo principal) de Bernardim Ribeiro (Menina e Moça), hoje, numa época em que a área de experiência e de autoconsciência da mulher (portuguesa, em especial) se expandiu. Há uma narradora (Ana Levi, Leviana, Mariana, Ana?) que se vai definindo correlativamente a outras personagens unas-múltiplas; umas muito próximas da subjectividade narraste (a própria Ana, como personagem, e Clara), outras mais objectivadas (Quina, Bia). A experiência central (ou experiências centrais) é (são) a(s) do amor de mulher, e daí uma polarização do humano masculino a oscilar entre Júlio, Paulo e Rui, entidade masculina que, correspondentemente, é una e é múltipla.
Mas as vivências humanas (e especificamente femininas) alargam os seus horizontes ao longe, embora também em torno, do amor: o imaginário apenas lido, ou indirectamente, ou distintamente, vivido, também comparece, sob a forma da evocação pastorial, semita ou berbere, não sei bem. E sente-se o ainda mais irresistível apelo da plenitude do sol, em febre de sangue e de seivas, de uma experiência tropical africana.”
– Óscar Lopes