Traduções de Regina Guimarães
um poema de Achille Chavée
“SONO
Durmo desde sempre nos mesmos pulmões
do velho silêncio cromático
onde se atola a respiração dos astros
durmo desde sempre na mesma noite de hereditariedade
na grande cama de mãe para filho
nessa alcova com fechaduras de pão azul
com pesados tapetes de lontras voluntárias
Durmo desde sempre no mesmo sonho maleável
que encarcera a luz
nas suas pérolas de sangue mágico
durmo de olhos abertos
de corpo aberto
esperança e desespero confundidos
e o desejo como uma espada empunhada
e o rosto desfigurado
sempre mais parecido comigo mesmo
cada vez menos reconhecível
mais atrozmente belo
de tudo quanto corrói e é eterno.”
(p.94)