Na literatura clássica, o Satyricon constitui, de certo modo, um caso especial e único, quer pelo tema, quer pela estrutura narrativa, quer pelo estilo, afirmando-se como o proto-romance por excelência na tradição greco-latina. A forma como o seu autor soube reescrever a produção literária que lhe era anterior, inserindo-a num retrato da Roma imperial do tempo de Nero, simultaneamente refinado, crítico e divertido, faz de Petrónio, quase vinte séculos volvidos sobre a sua morte, um dos autores mais interessantes e modernos que a Antiguidade nos legou.
Delfim F. Leão é, desde 1993, docente e investigador na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, na área de História da Cultura Clássica. Publicou vários livros, com especial destaque para traduções, a partir do original grego e latino, de Sólon, Heródoto, Airstóteles, Plutarco e Marcial. Em 2004, ganhou o Prémio de Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa, promovido pela Fundação para Ciência e a Tecnologia/União Latina, com a versão portuguesa da Constituição dos Atenienses de Aristóteles.