DO TRABALHO MONÓTONO DA VIDA
De novo, no café, os operários
– na praceta fronteira ao cemitério.
Entre bebidas quentes na manhã
da cremação do corpo abandonado.
E sobras de conversa entorpecida
com um pé no passado feito cinza.
O grupo de operários, numa pausa
do trabalho monótono da vida,
lembra trupe de circo de outras épocas.
Alegres saltimbancos que devolvem
na cálida visão de corpos sujos,
no fumo de cigarros e de sexo
dormente sob o fogo de seus músculos,
essa flor tão vermelha de futuro
– no xadrez da guerrilha contra a morte.
(p. 59)