Em Morte a Crédito, o narrador é também a personagem principal da diégese. Nós, leitores, funcionamos como o seu diário, ao qual relata pormenorizadamente o dia-a-dia no consultório onde trabalha como médico, não nos escondendo nada, nem mesmo as observações mais pessoais. Contactamos com a sua natureza frágil e fragmentada de homem engolido pela imensidão de Paris – cidade onde vive e trabalha –, ficamos a conhecer os seus dramas pessoais, a tendência para o diletantismo e a miséria humana a que assiste diariamente por causa da profissão que exerce.
É um livro interessante pela impressão que nos fornece do homem enquanto ser que se distancia dos outros e deixa o pensamento falar com extrema crueza e egoísmo.