“O sociólogo tem a particularidade, que nada tem de privilégio, de ser aquele a quem cabe a tarefa de dizer as coisas do mundo social, e de as dizer, tanto quanto possível, tal como elas são: no que nada há que não seja normal, ou até mesmo trivial. O que torna paradoxal a sua situação, e por vezes impossível, é o facto de estar rodeado de pessoas que ou ignoram (activamente) o mundo social e não falam dele (…) ou se preocupam com ele dele falam, por vezes muito, quando se associa à ignorância, à indiferença ou ao desprezo, a obrigação de falar imposta pela sedução de uma notoriedade rapidamente adquirida ou as modas e os modelos do jogo intelectual tenda a fazer falar por toda a parte do mundo social, mas como se não falasse dele, ou como se dele se falasse apenas para melhor o esquecer e fazer esquecer, numa palavra, denegando-o.
Assim, quando faz simplesmente o que tem a fazer, o sociólogo quebra o círculo encantado da denegação colectiva.”
Meditações Pascalianas – Pierre Bourdieu
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Descrição
Meditações Pascalianas
Pierre Bourdieu
Tradução de Miguel Serras Pereira
Celta, Oeiras, 1998
