Mário de Andrade
Macunaíma foi publicado em 1928 e é considerado a obra-prima de Mário de Andrade. Inspirado em lendas, crónicas, ditados e folclore, é também um marco da literatura brasileira, tido como romance fundador.
O herói do romance é muitas vezes equiparado ao retrato do Brasil. O carácter glutão e antropofágico da cultura brasileira é uma das faces do pensamento modernista, e é por isso que Macunaíma é um herói sem nenhum carácter, porque todos os caracteres são seus.
Primeiro é uma criança com a sexualização de um adulto; depois, é um adulto com «carinha enjoativa de piá»; é preguiçoso e mesquinho, mas desarma todos à sua volta com a sua alegria e sensibilidade; é um índio negro que se transforma em branco; é malévolo e egoísta, mas mostra a sua humanidade em vários episódios.
Macunaíma é um retrato cómico do brasileiro, mas, e Mário de Andrade faz questão de sublinhar, não é um símbolo, é antes o sintoma da falta de carácter do Brasil.