“O MORTO QUE FALA
Quando perdi a minha bem-amada
Ela estava tão fresca
Que eu admirava antecipadamente o seu rosto
Sob os véus do luto
perdi ao mesmo tempo
os meus três filhos
o meu aparador estilo directório
o meu salão Luís XV
E aqui e ali muitas outras coisas
E toda a minha fortuna
Eis o que disse o morto
Em suma perdera a vida
Com que direito falava assim?
Quem o autorizara a discursar?
As coisas em que os mortos se metem hoje
em dia
Porque é que ele falava
Com que direito
Que insolente, este morto!