Eduardo Batarda: «Espero que estes quadros, que nunca rejeitei, divirtam as pessoas. Se tiverem paciência, vejam-nos com tempo. Leiam-lhes as patetices, os trocadilhos parvos, as referências a diferentes e múltiplas linguagens visuais. Não chamem a isso “excessivo”. Não falem em “delírio”. Não exagerem.»
Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Great Moments. Eduardo Batarda nos Anos Setenta», de Eduardo Batarda, com curadoria de João Mourão e Luís Silva, realizada na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva de 1 de Outubro de 2020 a 17 de Janeiro de 2021, em parceria com a Fundação Carmona e Costa.
A exposição de Eduardo Batarda reúne um momento fundamental da prática do artista, o trabalho realizado quase exclusivamente em aguarela e tinta-da-china sobre papel durante a década de setenta, e traça um percurso por um corpo de trabalho que prolonga o tipo de figuração, cromatismo e humor de trabalhos de anos anteriores, recorrendo de forma explícita à ironia e ao sarcasmo e insistindo em tópicos porventura escandalosos de índole sexual, bem como multiplicando alusões literárias e comentários à actualidade do país (J. Mourão, L. Silva).
A obra de Eduardo Batarda, tal como a de outros artistas portugueses da sua geração, resultou também da emigração artística nos anos 1960 e 70 para o Reino Unido (caso de Batarda), França e Alemanha.
[Marina Bairrão Ruivo]
Entre a ironia crítica e um olhar tão cristalino sobre as coisas que arrisca o desmoronamento de todas as convicções que sustêm a ilusão de normalidade de que o mundo necessita para prosseguir na vida de todos os dias, as pinturas de Batarda não deixam pedra sobre pedra. E, no entanto, aí estão elas, a lembrar-nos que, sem destruirmos tudo, nunca poderemos encetar essa operação de re-significação que consiste em permanentemente actualizar o sentido de tudo.
[Catarina Rosendo]