“O TRABALHO SUJO
Yo haré
el trabajo
sucio.
Karmelo C. Iribarren
Regressei à poesia.
Àquela de que sempre
gostei:
a poesia elegíaca, narrativa,
de reflexão profunda
e moderadas doses de introspecção.
Leio Parcerisas, Joan Margarit.
Releio Juan Luis Panero,
Cesare Pavese e Cernuda.
Descubro os poemas amorosos de
Abelardo Linares. Deslumbro-me.
São uma maravilha.
Boa parte de minha própria
poesia não é assim, bem sei.
Mas uma pessoa nem sempre escreve
o que gosta de ler.
Não escreve necessariamente
o que quer, mas o que tem de ler.
Olha em volta e dá-se conta
de que há montanhas de roupa por lavar.
O trabalho sujo.
Alguém – como diz
o meu amigo Iribarren – tem de o fazer.
(p. 169 e 170)