Versões de Luís Filipe Parrado
Um poema de Konstantin Vanshenkin:
“O FIM DO AMOR
Tentaram, de todas as maneiras, agradar
Um ao outro. Agora separam-se civilizadamente,
Dando cada um ao outro as fotos
De que nenhum dos dois precisa já.
E ela devolveu os presentes que
Ele lhe dera – o anal e a pregadeira.
E ele devolveu-lhe as suas cartas meigas,
Que há muito haviam perdido o poder de emocionar.
Assim, nos instantes da sua separação,
Entre estas paredes nuas que ressoam
Eis os antigos troféus que trocaram
Como prisioneiros de guerra.”
(p.82)
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Um poema de Ekaterina Belavina:
“NASCIMENTO DE UMA TRADUÇÃO
Matamos o próprio “eu”
Por um instante desaparecemos no “outro”.
As palavras têm sede de outras palavras
E passam por cima de um dique
Que a vida coloca entre as línguas.
Contra ela não se pode lutar:
Tu escreves com as emoções coaguladas
E a sua música é já a tua.”
(p. 287)