10. ERRAR & ERRAR
Escrevo dos porões de um barco argelino
Dormindo com o salitre até Marselha,
Daqui, donde não se vê uma centelha
De amanhecer que seja disso digno,
Por ser alvorecer da manhã indigno
Sobre chão de vergonha em que vagueia:
Dolente de salitre erra e passeia
Imaginando um dia alto e sistino;
Como foi o de outrora alvorecer
Do dia em que nasceu este que narra,
E que foi, por acaso, e a bom perder,
O dia em que nasceu Violeta Parra,
E que como Violeta há de morrer
Este homem que navega, narra e erra.
(p.13)