Despedida. Poema em Tempos de Vírus – Cees Nooteboom

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Vi cabeças, inúmeras cabeças,
generais, amantes, andarilhos
por entre as estrelas. Cada cabeça a sua
história, escondida nas pregas

do cérebro, bordejando riachos
de sangue, juncos nas margens, paisagens
secretas aonde ninguém podia chegar,
a não ser uma graça solitária,

uma que tudo ouviria, pensamentos,
desejos ocultos. A garça solitária
era eu, e sozinho na margem
ia anotando o que via, o que ouvia

cabeça a cabeça.

(p.31)

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Descrição

Despedida – Poema em Tempos de Vírus
Cees Nooteboom

Tradução de Ana Maria Carvalho
Paginado por Pedro Santos

Alambique, 2023