Desolação da Quimera – Luis Cernuda

12.00

Luis Cernuda

“A J.R.J.

A donzela não anunciava o crepúsculo
Nem possuía jardim onde observá-lo.
Mas ia à janela
Da sua varanda e, corrida a cortina,
Desde ali contemplava.

O crepúsculo nórdico, lento, exige
Ao seu contemplador uma atenção assídua,
Velando o nosso fogo originário
(Para Heráclito a substância primeira),
No seu processo, com celagens e laivos
Delicados, cambiantes.

No fim a ave fabulosa
Partia ao hemisfério
Sombroso agora, deixando para trás de si
Do seu retorno um costume.
E a noite ancestral sucedia
Já não contemplada por J.R.J.”

(p. 32)

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Descrição

Desolação da Quimera
Luis Cernuda
Tradução: Mariano Alejandro Ribeiro
Composição: Catarina Domingues
Sr. Teste, Lisboa, Março de 2022