“A cultura revela tendência para assumir o lugar até há muito pouco tempo ocupado pela religião. Tal como esta, possui agora os seus padres, os seus profetas, os seus santos, os seus colégios de dignitários. O conquistador que pretende a consagração apresenta-se ao povo não com as roupagens do bispo, mas com as do Prémio Nobel. Para que o absolvam, o senhor prevaricador não sente já necessidade de criar uma abadia, mas um museu.”
Ensaio iconoclasta do artista Jean Dubuffet (1901-1985), põe em causa as convenções artísticas e sociais, a par da artificialidade e do mercantilismo que sustentam a cultura dominante. Crítico feroz da normatividade, percursor e primeiro teórico da Art Brut, Dubuffet defende o instinto, a paixão, a violência e a loucura convocando uma arte no seu estado bruto, primitivo, espontâneo e individual.