Eduardo Galeano
Aproximo-me dois passos, ela afasta-se dois passos. Caminho dez passos e o horizonte recua dez passos. Por mais que eu caminhe, nunca a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para caminhar.
As Palavras Andantes são, segundo o autor, «as histórias de espantos e encantos que quero escrever, as vozes que recolhi pelos caminhos, e os meus sonhos de andar acordado, realidades deliradas, delírios realizados, palavras andantes que encontrei — ou fui por elas encontrado». Esta obra central de Eduardo Galeano, livro mágico e enigmático, com gravuras de J. Borges inseparáveis dos textos, percorre as lendas urbanas e a mitologia tradicional da América Latina para colher persona-gens que se movem entre o real e o fantástico, o sagrado e o profano, os vivos e os fantasmas, os humanos e os animais.
A voz poética de Eduardo Galeano, que canta com igual paixão o futebol, as amizades, a música e os amores, é a mesma voz mordaz que denuncia a penúria dos oprimidos e a iniquidade dos opressores — numa colecção de contos afinados pelo diapasão da dignidade, abrindo de par em par as suas «janelas», curtas ladainhas de aforismos e reflexões.