“CONSÍLIO DOS DEUSES
Cantiga de cinzas chovendo a mesa,
Qual toada de água sobre o asfalto
Da estrada em névoa sobre o planalto:
Enevoada a terra camponesa.
Puxando fumo sem qualquer certeza
Do cigarro fumado em sobressalto,
Desocupando a vida a que não falto
Mesmo nos dias de crua crueza,
Como este de agora em que a cinza neva
Duros flocos sobre o colo do exílio;
Este dia em que a vida só me leva
Sobre cigarro a servir de utensílio
Aos deuses à espera que eu nada deva
Pro meu fim decretar no seu consílio.”
(p.7)