“cinquenta anos
é a conta que separa
a destruição de uma cidade da roma antiga
na baía de nápoles durante a erupção de um vulcão
do afogamento talvez acidental de um rapaz
estrangeiro num dos rios do império
desastres em maior e menor escala
estão agora a séculos de distância
de alguns meses de poeira, poluição
e croissants de chocolate
ao pequeno-almoço
com um par de soldados que chegaram tarde
para se alistarem na guarda do pretório
a dançar na distância
onde a visão desaparece dentro da cegueira
e os gela num azul quase negro
quase o estilhaço de um negativo fotográfico
em que eles se continuam a mexer”
(p.9)