Henry David Thoreau
Será a democracia, tal como a conhecemos, o último melhoramento possível do acto de governar? Não será possível dar-se mais um passo no reconhecimento e na organização dos direitos do homem? Não haverá Estado realmente livre e esclarecido enquanto o Estado não reconhecer o indivíduo como poder superior e independente (do qual deriva todo o poder e a autoridade que o Estado detém) e enquanto não o tratar como tal.
A Desobediência Civil é e continuará a ser o livro-guia de todos os que, aqui e agora, têm consciência das injustiças a que estão sujeitas as minorias, num tempo em que os cidadãos são incitados a prestar culto ao dinheiro, porque o Estado sabe, como Thoreau denuncia, que o dinheiro silencia muitas perguntas que o homem de outro modo seria obrigado a fazer. Martin Luther King leu e releu A Desobediência Civil e nela aprendeu a estratégia da não-violência; Gandhi trazia sempre um exemplar na bagagem e leu outros ensaios do autor; Tolstoi aprendeu também em Thoreau a desobedecer e a organizar a resistência ao poder.
O texto de Thoreau sobre John Brown é límpido, torrencial, violento, mas profundamente humano e poético. A revolta é nele a consequência lógica dum desejo de harmonia.