Sabe-se que em 1212, duas colunas de gente simples — pueri — partiram de Marselha e de Génova, pelo Mediterrâneo, a caminho de Jerusalém. O trágico resultado dessa expedição fez-se mito e poucas décadas depois já se narrava a “cruzada das crianças”.
Publicado pela primeira vez em 1896, com A Cruzada das Crianças o escritor francês Marcel Shwob (1867-1905) revisita esta lenda através de oito fragmentos, narrando-a de oitos pontos de vista distintos. Com “sóbria precisão”, como notou Borges, A Cruzada das Crianças é um retrato fiel das sementes de alucinação que ainda hoje povoam as peregrinações do mar Mediterrâneo.