O narrador começa por nos apresentar o capitão e visconde de Brassard como um dandy, contextualizando historicamente — enriquecendo esta narrativa, tão literária quanto militar — o seu percurso entre as diversas batalhas e personalidades da época, na luta pelo poder em França. Na sua juventude, Brassard fora um belo, audacioso e sedutor militar, que começou a sua jornada com Napoleão I e encerrou-a com a chegada de Luís-Filipe I ao poder. Cerca de trinta e cinco anos após a batalha de Leipzig, o narrador e o visconde de Brassard partilham casualmente a mesma diligência que os conduz para o oeste. No entanto, um incidente com uma roda obriga-os a fazer uma paragem numa pequena e silenciosa cidade na Normandia. Neste ambiente nocturno destaca-se uma luz vinda de uma janela com uma cortina carmesim. É nesse cenário que Brassard inicia o seu relato confessional, remontando à idade de dezassete anos, quando foi nomeado sub-tenente «num simples regimento de infantaria de linha». Naquele tempo, Brassard vivia a despreocupação e a inexperiência acompanhadas por uma extasiante «sensação do uniforme».
(da introdução, Lourença Baldaque)